No artigo de hoje eu quero te falar sobre 3 mitos que são muito comuns aí na educação financeira. São erros que você pode estar cometendo com seus investimentos, ou melhor, são condutas que eu acho errada mas que muita gente acredita que são corretas e “ai de quem ouse discordar”.
Mas eu ouso discordar. Até porque se você está aqui na Capital Global é porque você quer ir além do pensamento mainstream, é porque você sabe que se você quiser ter resultados ter resultados diferentes do da maioria, você também precisa também agir diferente da maioria e pensar fora da caixa, questionar aquilo que a maioria das pessoas não questionaria.
Então no artigo de hoje eu vou ousar discordar de 3 condutas que o tem muita página de finanças aí que acha que são certas, mas que na minha opinião não são comportamentos tão inteligentes assim.
O PRIMEIRO MITO SOBRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Então pra te contar o primeiro erro comum da educação financeira nada melhor do que um exemplo.
Escuta só a história do nosso amigo Astolfo.
Astolfo é um cara dedicado, passou em um concurso público de alto escalão e passou a vida inteira ganhando um bom salário. Enquanto isso ele se deu conta que não podia depender apenas do Estado e começou a estudar muito sobre onde investir o dinheiro que ele ganha e a cada salário que ganhava ele investia metade ou mais do que recebia.
E aí ele construiu um patrimônio bem robusto, investiu em várias empresas, em vários fundos imobiliários, ele também fez um seguro de vida e uma previdência privada. Não satisfeito, ele também escreveu alguns livros que dão lá uma renda passiva pra ele.
E aí agora o Astolfo vai se aposentar. Parece claro que ele vai ter uma aposentadoria confortável, não é verdade?
Pois então, não necessariamente. Porque eu não falei de que país o Astolfo é.
Se ele tiver construído tudo isso no Brasil, hoje ele vai ter uma aposentadoria excelente. Mas se ele tiver construído na Venezuela, agora a renda passiva dele não vale quase nada. E cara, quando o Astolfo começou a carreira dele lá nos anos 70 ele jamais cogitaria que o país dele ia afundar tanto. Até porque naquela época a Venezuela tinha o maior poder de compra entre os países América Latina, quase três vezes maior que o dos brasileiros, e hoje a moeda deles não vale nada.
Então o primeiro mito da educação financeira é que se você souber investir você vai ter uma aposentadoria confortável. Porque pode ser que não adiante de nada você ganhar um bom salário, ser um expert do mercado de capitais e diversificar entre ações, fundos, previdência e tudo mais, se você não se atentar para a necessidade de diversificar a moeda a que você está lastreado e também o país em que o seu patrimônio está custodiado.
Bom, e o mais impressionante é que as pessoas não se dão conta disso e não fazem essa diversificação global, inclusive entre aqueles que entendem de dinheiro e já investem na bolsa de valores.
Você sabe, o Brasil tem 210 milhões de habitantes e dos quase 1 milhão e meio de brasileiros que investem em ações, estima-se que apenas 100 mil investem fora do Brasil.
Isso quer dizer que entre o pessoal que investe, apenas 6,6% investe no exterior. E entre a população toda do Brasil é menos que 0,05% da população brasileira que tem investimentos lá fora.
Isso é uma pena, porque o mundo é cotado em dólar e hoje em dia as nossas vidas já são globais, sendo que a tendência é que elas se tornem cada vez mais globais.
E veja, a gente já ganha nosso salário em real, trabalhamos em empresas que são reféns do real, enfim, estamos demasiadamente expostos ao risco do real, então se a gente não vai mudar de emprego e muito menos provavelmente de país, quem sabe seja interessante que ao menos a nossa renda passiva fruto de nossos investimentos seja construída de uma forma global.
O SEGUNDO MITO DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Bom, e se você não achou tão ousado esse 1º mito da educação financeira, calma lá que o segundo erro já é um pouco mais polêmico. E o segundo erro na minha opinião é que investir na sua educação vai te deixar rico.
Mas calma lá, investir na sua educação, no seu crescimento pessoal, está longe de ser um equívoco. Pelo contrário, o seu conhecimento é o seu maior bem e o único que ninguém pode tirar de você, e você não vai chegar a lugar nenhum se não se dedicar a estudar e a melhorar as habilidades do que você faz, seja lá qual for o seu ganha pão. E quanto mais você conhecê-lo melhor será seu resultado.
Se você perguntar para algum grande empresário se ele tivesse que escolher entre ficar com toda a sua fortuna ou ficar com todo o seu conhecimento que ele acumulou ao longo de sua trajetória, é provável que ele opte pelo conhecimento. Até porque sem o conhecimento a fortuna se acaba, e com o conhecimento e sem dinheiro ele pode reconstruir.
Mas quando eu falo que investir em educação não vai te deixar rico é porque não adianta nada você ter pós doutorado em Medicina se você não é capaz de montar um negócio e de conquistar um cliente.
E mais do que isso, o meu ponto é que muita gente gasta muito dinheiro com educação, as vezes até dinheiro que não possui, fazendo um financiamento estudantil ou então passando a faculdade inteira sem dinheiro pra mais nada.
Só que cara, você tá fazendo um gasto enorme, provavelmente vai desembolsar mais de 100 mil reais em uma faculdade, pra aprender algo que você encontraria de graça na internet, ou então em alguns cursos que não passam de 2 mil reais.
E cara, tem muito curso online ai que vai te ensinar mais que uma faculdade, e o lado ruim desses cursos é apenas que você não vai poder carimbar no seu currículo.
Mas aí será que vale a pena gastar 100 mil reais só pra ter um currículo melhor, sendo que você poderia ter adquirido os mesmos skills de graça e ainda por cima ter te sobrado essa grana toda pra você começar o seu próprio negócio?
E pode até parecer um pouco hipocrisia minha falar isso, considerando que eu me formei em Direito e continuo seguindo carreira acadêmica e não pretendo parar tão cedo. Bom, mas o fato é que é justamente por estar seguindo carreira acadêmica que eu posso te garantir que mais da metade das coisas ensinadas no ambiente acadêmico estão aí na internet, ao menos nas minhas áreas que são Mercado Financeiro e Direito empresarial.
E se eu tivesse que abrir mão de investir nos meus negócios e de fazer meus aportes no mercado financeiro para conseguir pagar meus estudos, aí eu não tenho dúvidas de que iria deixar os estudos de lado e focar em investir e empreender. Digo, deixar de lado os estudos formais, mas em compensação eu iria estudar ainda mais por conta própria. Porque, em tempos de internet, se endividar para aprender a fazer algo não faz sentido pra mim.
E digo mais: tem muita gente que tá se endividando aí pra pagar uma faculdade e que vai se decepcionar quando se formar e ver que não tem emprego pra ela, porque tem muito mais profissional disponível no mercado do que vagas de emprego.
E isso se dá justamente porque o que o mercado tá precisando não é de mais gente ultra capacitada, é justamente de gente empreendedora para gerar vagas de trabalho para essa galera que se capacitou bastante, mas que agora tá sem emprego.
Então, o segundo mito da educação financeira é que investir na sua educação vai te deixar rico. Calma lá porque talvez não seja bem assim.
O TERCEIRO MITO SOBRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Quanto ao terceiro e mais polêmico mito da educação financeira, eu já estou até vendo que vão me xingar.
O terceiro mito é que investir em títulos públicos é o investimento mais seguro de todos. Quer dizer, a cada 10 páginas e canais do youtube sobre mercado financeiro, 9 deles vão te contar que investir em tesouro direto é o investimento mais seguro de todos e que você pode ficar tranquilo que a renda é fixa e 100% certa.
Isso me assusta porque investir em títulos públicos significa que você tá emprestando dinheiro para o governo federal hoje para ele te pagar com algum prêmio amanhã.
Só que se você for olhar o governo federal brasileiro nos últimos 5 anos, ele rodou com 100 bilhões de reais no vermelho em média ai do déficit de cada ano.
E isso já era extremamente negativo, mas agora para 2020 o rombo previsto é de 419 bilhões. Ou seja, o que já era historicamente alto, vai quadriplicar em poucos meses.
Pra se ter uma ideia, desde a independência, foram NOVE VEZES em que o governo brasileiro já deu o calote ou negociou a sua dívida. A mais recente foi em 87, muitos aqui já eram vivos.
Mas, ok, eu admito que hoje em dia é menos provável que o governo simplesmente dê o calote na cara dura. O mais provável é que se a coisa realmente fique muito crítica ele opte por dar um “calote branco”, que é aquele em que ele vai pagar todo mundo, mas ele vai imprimir tanta moeda pra pagar todo mundo que vai gerar hiperinflação. E aí você vai ganhar os 10% de juros nos 100 reais que você emprestou pro governo, mas com os 110 reais você não vai comprar sequer uma bolacha.
Bom, a boa notícia é que o Brasil não chegou nesse ponto crítico ainda. E espero eu que não chegue. Em todo caso, tome cuidado com quem te fala que tesouro direto é o investimento mais seguro de todos. Porque isso não passa de um mito.
E se você discorda de mim, mande um comentário com a sua opinião, vamos estimular um debate saudável aqui entre o pessoal.