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BITCOIN: Uma boa reserva de valor ou pura especulação?

O mercado de criptomoedas se mostrou uma revolução da década passada. Alguns o consideram como um dos acontecimentos mais importantes na humanidade desde a ascensão da internet, enquanto outros o consideram como a nova bolha das tulipas ou jogos de azar.

Independente de que lado você esteja, o que nós não podemos fazer como investidores é deixar de observar o ativo que disparadamente foi o que apresentou maior crescimento nos últimos 10 anos, que foi o Bitcoin. Ainda mais se você, assim como nós da Capital Global, já se deu conta de que diversificar a carteira com ativos além do mercado Brasileiro é algo extremamente importante.

Você também não pode ignorar as criptomoedas se você não é investidor, mas sim um trader, que apenas quer se aproveitar da volatilidade de um ativo para ganhar com a variação do preço. Afinal, o bitcoin é um dos ativos mais dinâmicos e voláteis do planeta. Pra se ter ideia, só em 2019, o BTC subiu 285%, em seguida caiu 52% e, ao final, terminou o ano entregando 110% de alta.

Enfim, pode ser que você tenha um pé atrás com as criptomoedas. Eu também já tive. Ou ainda, pode ser que você esteja iludidamente otimista. Em todo caso, é importante conhecermos este ativo bem, olharmos para ele de forma imparcial e racional, para sairmos do senso comum e termos uma opinião fundamentada, seja pra qual lado for.

E aqui é importante dizer que nós da Capital Global somos otimistas com o bitcoin, e o percebemos com uma forma de reserva de valor. Entretanto, nós nos esforçamos para ser bastante neutros nesse artigo. Não queremos te convencer a nada e, se quiser discordar, sinta-se à vontade.

Além disso, o fato de sermos otimistas com o Bitcoin não significa que não reconheçamos que o ativo ainda é muito novo e ainda está muito incipiente. Consequentemente, possui diversos aspectos negativos para uma reserva de valor, que apenas a passar das décadas poderá resolver.

Em todo caso, esperamos nós que esses aspectos negativos sejam vencidos com o tempo. O Bitcoin pode até não dar certo no longo prazo, mas, se der, todos nós teremos maior liberdade financeira, maior privacidade, maior segurança patrimonial, e maior prosperidade.

Então vamos lá. A ideia é ser bastante objetivo e explorar em poucas linhas o que as criptomoedas são. E as criptomoedas podem ser chamadas de muitas coisas, cada uma delas com definições econômicas distintas.

São elas: moedas, reserva de valor, e de “tulipas do século 21”. A classificação varia de acordo com quem a faz.

CRIPTOMOEDAS COMO MOEDAS: FAZ SENTIDO ECONÔMICO?

E, para fins deste artigo, eu vou tratar moeda como sinônimo de “meio de troca”. E, sob essa perspectiva, moedas possuem uma função muito importante na economia. Basicamente, elas permitem facilitam a realização de trocas entre os homens.

É aquele velho exemplo: João possui 2 vacas e deseja ter 50 martelos. Pedro tem 50 martelos e deseja ter 100 goiabas. Bruno tem 100 goiabas e deseja ter 2 vacas.

Como João vai trocar com Bruno sem passar por Pedro nessa cadeia de compras? Apenas se todos consentirem em usar algum terceiro bem como moeda de troca. Quanto divisível e universalmente aceito como meio de troca esse terceiro bem for, mais eficiente são as trocas.

E é por isso que moedas, como meio de troca, precisam contar com alguns atributos. A confiança que as pessoas possuem naquele ativo utilizado como moeda, e consequente aceitabilidade, é um deles.

Além disso, outra característica importante para funcionar como moeda é que o seu valor seja estável. Uma moeda muito volátil pode prejudicar a economia na medida em que distorce todos os preços.

Por exemplo, pode ser que você compre venda uma pizza, receba as moedas, elas valorizem tanto que você as utilize para comprar uma Ferrari. Isso é bom pra você, mas é ruim para a adoção de tal ativo como um padrão.

Enfim, uma moeda precisa ser estável e ter alto grau de confiabilidade/aceitabilidade para ser considerada como moeda.

Infelizmente, o bitcoin ainda não cumpre com essas características de confiabilidade e estabilidade dos preços, ao menos atualmente, por mais otimistas que possamos ser com o futuro do ativo.

Afinal, como dito, o Bitcoin é extremamente volátil. Além disso, ainda há um receio muito grande por grande parte das pessoas, o que atrapalha a sua aceitabilidade.

Portanto, a sua utilização como moeda, como meio de troca, não é muito eficiente nos dias de hoje. O que não significa que não virá a ser no futuro.

Afinal, a tendência é que o preço do ativo se estabilize com o passar dos anos e a volatildade diminua, na medida em que o mercado amadurece e o Marketcap cresce.  Ele ainda está em fase de precificação, e isso explica razoavelmente porque é tão volátil.

A questão do grau de confiabilidade, por sua vez, é muito mais complexa. Intrinsecamente, o bitcoin é confiável, visto que a blockchain possui robustez o suficiente para ser considerada uma tecnologia confiável. Muito mais do que um pedaço de papel, por exemplo.

Todavia, a confiabilidade é algo subjetivo e varia da percepção humana. E, enquanto todos enxergarem o papel moeda como mais confiável do que a blockchain, o papel moeda vai ser mais confiável que a blockchain.

A boa notícia é que não precisam todos confiar no bitcoin para que ele seja utilizado como moeda. Basta que uma comunidade o considere, e o aceite como meio de troca, para que haja adoção. E isso, em certa medida, já está ocorrendo. E a tendência é crescer cada vez mais.

Além do que, confiabilidade e estabilidade não são as únicas características necessárias em um ativo ser considerado bom como sendo uma moeda. Também há outros atributos importantes, como a divisibilidade, a portabilidade e, principalmente, a escassez.

E, quanto a estes atributos, o Bitcoin tem todos eles de forma extraordinária.

BITCOIN COMO RESERVA DE VALOR: FAZ SENTIDO?

Bom, se ainda não dá pra comprar pão com Bitcoin, qual seria a principal função dele, economicamente falando?

Muitos entendem que o bitcoin cumpre um papel de reserva de valor. Nessa linha, aponta-se as inúmeras semelhanças entre o Bitcoin e o Ouro, que tem sido por séculos a principal reserva de valor.

E as semelhanças são fáticas e indiscutíveis. Tanto o ouro quanto o bitcoin são escassos, o que é uma característica importante para quem busca proteção patrimonial contra a inflação, mal que tanto assombra o passado dos brasileiros.

Além disso, ambos são uma forma segura de manter o seu patrimônio “fora do sistema”. Ou seja, você armazena valor longe do sistema bancário e ganha privacidade, antifragilidade, e possivelmente blindagem patrimonial.

(quer entender o que é antifragilidade? Clique aqui e leia!)

Além disso, ambos são ativos puramente especulativos, no sentido de que a sua cotação no mercado, diferente do que ocorre com as empresas, não é determinada em alguma conformidade com as suas receitas e projeções, mas apenas com o valor percebido de seu preço. Não é um ativo gerador de renda, não há um negócio por traz.

Ou seja, tanto o Ouro quanto o Bitcoin têm os seus valores derivados puramente do que as pessoas acreditam que eles valem.  E o valor deles tende a subir naqueles momentos em que há maior incerteza com o cenário econômico, como o receio de assumir um governo Socialista, de aquecer a guerra comercial entre Estados Unidos e China, ou ainda de a base monetária e os bancos colapsarem (o tal do “risco sistêmico” que os Bancos Centrais aumentam um pouco toda vez que tentam evitá-lo).

No entanto, há uma única diferença entre o Ouro e o Bitcoin, mas que é brutal. É o fato de que o ouro é reconhecido como reserva de valor há mais de DOIS MIL ANOS, por praticamente TODOS. Enquanto isso, o Bitcoin é uma criança com pouco mais de uma década de vida, e ainda tem muita gente que não o reconhece como reserva de valor.

Além do que o Bitcoin ainda não enfrentou nenhuma grande crise mundial para “testá-lo” nesse cenário. Ou seja, para ver se ele realmente vai ser uma boa reserva de valor no momento de maior incerteza com o cenário econômico que nós podemos imaginar, que é a recessão.

Portanto, o bitcoin tem todos os atributos para funcionar como uma reserva de valor. Mas, ele ainda não teve uma boa oportunidade de se provar como sendo um ativo dessa categoria. Como dissemos no começo do artigo, o Bitcoin ainda é muito novo e muto incipiente, e possui um problema que só o tempo irá resolver, que é justamente o seu pouco tempo de existência.

BITCOIN SÃO AS NOVAS TULIPAS?

Se você não conhece a história da Tulipomania, ela ocorreu no século XVII, na Holanda. Foi a primeira bolha especulativa conhecida, em que o interesse da população por essas flores era tamanho que ela alcançou preços astronômicos e depois despencou, porque não possuía valor intrínseco para tanto.

Nessa linha, muitos críticos do bitcoin o chamam de “Tulipas de século XXI”. Nessa visão, eles entedem que o Bitcoin é pura especulação e que não possui qualquer valor intrínseco.

E em um ponto eles tem razão: bitcoin é especulação. No entanto, que isso o torna algo que não possua valor intrínseco é BASTANTE questionável.

Em primeiro lugar, como vimos, o ouro também é puramente especulativo. No entanto, isso não significa que ele seja algo sem valor intrínseco. Muito pelo contrário, o seu valor intrínseco é a sua escassez, que é uma característica muito importante para aqueles que pretendem proteger o seu patrimônio de momentos de alta inflação e de crises econômicas.

Em segundo lugar, é engraçado ver alguém dizer que ativos puramente especulativos não tem valor e, ao mesmo tempo, estimular as pessoas a comprarem ações de empresas brasileiras. Caso você não saiba, o Brasil é considerado especulativo pelas principais agências de rating mundial.

Mas isso não significa que as empresas aqui não tenham valor algum, certo? Igualmente, o fato de a criptomoeda ser especulativa não lhe torna sem valor intrínseco.

CONCLUSÃO

Portanto, do mesmo modo que é complicado de se afirmar que o bitcoin é um ativo que funciona como reserva de valor enquanto ele não for realmente testado, também não é possível alegar que ele não possui valor algum enquanto isso não ocorrer.

Apenas o tempo, com seus ciclos econômicos, nos dará a oportunidade de analisar se o bitcoin não possui qualquer valor e é a tulipa do século XXI ou se é uma boa reserva de valor.

Enquanto o tempo não vem, o máximo que podemos é conjecturar com base no que nós temos e com base na lógica.

O que nós temos é que o bitcoin possui características intrínsecas semelhantes àquelas do ouro, principalmente no que tange à escassez imutável, e a divisibilidade. Também sabemos que o Ouro é uma excelente reserva de valor graças às suas características.

Assim, diante dos fatos, é presumível que o Bitcoin se prove como uma boa reserva de valor no futuro.

É certo? Não.

É provável? Nós da Capital Global, como otimistas com a criptomoeda, entendemos que sim.

E tomara que estejamos certos porque, diga-se de passagem, o Bitcoin é uma moeda privada, incontrolável, livre do risco de confiscos e da ingerência estatal.

O Bitcoin é a offshore das moedas!

(Clique aqui e leia também: “Gutavo Franco, Criptomoedas e Offshores”)

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