Recentemente, nós fizemos um artigo falando sobre a aproximação de uma crise econômica mundial, conforme os ensinamentos do Ray Dalio, um dos investidores mais renomados do mundo.
Na ocasião, demonstramos que estamos muito próximos de um final de ciclo econômico de alta e que, depois desse momento, costuma-se iniciar um ciclo de baixa.
Por essa ótica, parece que não é muito interessante começar a investir no mercado financeiro agora. Afinal, se tudo está acima do preço, talvez seja mais interessante esperar a correção antes de se posicionar.
E nós compreendemos este ponto de vista. Por outro lado, paralelo a isso, em muitas outras oportunidades, nós contamos aos nossos leitores as inúmeras vantagens de se investir fora do Brasil, principalmente nas bolsas americanas NYSE e NASDAQ.
E isso tem despertado alguns questionamentos em nossos leitores mais habituais. Como podem entender que uma crise é cada vez mais iminente e, paralelamente, indicar a bolsa de valores americana? Que tipo de masoquismo é esse do pessoal da Capital Global?! Ou seria uma crise de bipolaridade?
Nem uma coisa, nem outra. A verdade é que, ainda que nós acreditemos que estejamos cada dia mais próximos de uma recessão, nós continuamos defendendo com unhas e dentes que o mercado americano é o lar das maiores oportunidades que você tem de enriquecer.
E isso se dá principalmente por três motivos: crises não afetam o resultado do investidor método Warren Buffet; as empresas americanas têm maior chance que as brasileiras de sobreviver a crises mundiais; existem ativos e estratégias de investimentos que são lucrativas mesmo durante crises, e fazê-las no sistema americano é muito mais interessante. É isso que iremos explicar a partir de agora.
MOTIVO UM: Crises não afetam o resultado do investidor método Warren Buffet
Como você deve saber, o Warren Buffet é o maior investidor da história. Ele é o mais bem-sucedido adepto da teoria do Value Investing.
Se a gente for generalizar, value investing é uma estratégia em que o investidor busca comprar ações que ele enxerga que a empresa tem potencial de crescimento e de entregar bons resultados suficiente para lhe convencer a se tornar um sócio da empresa.
Assim, o investidor que segue o método Warren Buffet não costuma se preocupar muito com o preço das ações, mas o seu foco é acumular o maior número possível de ações no longo prazo. Não se importa se a ação cair muito, ou subir bastante. O que ele está preocupado é com os fundamentos da empresa, do business. A ação pode cair 50% que o investidor não irá vender, desde que estejam mantidos os mesmos fundamentos que o fizeram entender que a empresa é boa e tem potencial.
E esse cenário ai de queda de 50% demonstra que o investidor que segue a teoria de value investing precisa estar convicto das suas decisões. E precisa ter sangue frio para não vender. E essa postura lhe trará excelentes resultados. Mas a empresa não cresce da noite pro dia e o mercado é cíclico. O investidor precisa ter paciência, value investing é coisa para o longo prazo!
É por isso que uma forma bastante interessante de investir em boas empresas com valor intrínseco é comprar as suas ações de forma periódica e constante (digamos, uma vez por mês) durante um longo período. Assim, se você comprar um pouco todo mês ou toda semana durante vários anos, você terá adquirido o ativo por um preço médio.
A estratégia do preço médio costuma compensar bastante porque, conforme indicam vários estudos, ela tende a ser muito mais compensadora do que se você tivesse ficado de fora do mercado esperando um momento de baixa para finalmente se posicionar.
Primeiro, porque tentar cronometrar o mercado é uma atividade desnecessária para quem segue o value investing. Segundo porque quanto mais tempo você tiver com o seu dinheiro alocado em ativos, você poderá aumentar sua riqueza pelos dividendos e reinvesti-los.
Quanto mais tempo você está exposto a um ativo, menos o tempo de exposição se torna um problema. Portanto, mesmo que você tivesse conseguido comprar na maior baixa da crise e vender no ponto mais alto do bull market, o que lhe exigiria uma habilidade descomunal, não teria visto diferença nos seus resultados se analisado no longo prazo.
MOTIVO DOIS: as empresas americanas têm maior chance que as brasileiras de sobreviver a crises mundiais
Sabe um bom contra-argumento para minha alegação acima, de que mais vale fazer um preço médio do que tentar acertar a baixa para alocar em determinado ativo?
Você pode me dizer que algumas empresas nunca se recuperam da crise. Que elas atingem a baixa e depois ficam para sempre valendo centavos. Você pode, por exemplo, citar o caso da OLX e me mostrar que quem comprou na alta jamais teve o seu dinheiro investido.
E é verdade. Mas, nesse caso, o erro foi porque a empresa não tinha o valor intrínseco que se imaginava. Caso tivesse, como a economia é cíclica, ela retornaria ao bull market e, no longo prazo, traria resultados superiores.
E aí resta apenas um problema: como saber que a empresa não vai falir quando entrarmos no mercado de baixa, de modo que o preço de suas ações jamais se recupere? Infelizmente, não há como ter certeza disso. Qualquer investimento em empresas está sujeito ao desastre, e é por isso que devemos diversificar.
Em todo caso, uma coisa é fato: as empresas multinacionais listadas nas bolsas americanas tendem a ser infinitamente mais sólidas do que as empresas brasileiras. Quem você acha que irá sobreviver após uma crise econômica mundial: uma empresa sólida que está no mercado há mais de 250 anos, que já sobreviveu a diversas crises, ou uma empresa brasileira com menos de 10 anos, que mal conseguiu se recuperar da nossa crise interna de 2015?
Quem você acha que vai estar mais forte em um cenário pós crise, e mesmo durante a crise: uma economia lastreada no dólar, a moeda estatal mais forte do mundo; ou uma economia lastreada no real, uma moeda fraca e que pode facilmente ser corroída pela inflação? (isso já ocorreu no Brasil em pelo menos cinco moedas distintas).
Não custa lembrar, algumas das empresas americanas listadas na bolsa já enfrentaram eventos catastróficos como a Crise de 29, a primeira e a segunda guerras mundiais, e a guerra fria. E, apesar de tudo isso, no longo prazo, permanecem em expansão e lucrativas. Enquanto isso, no Brasil, a maior parte das blue chips brasileiras foram fundadas apenas após a década de 40.
Assim, acessar o mercado de ações americano é uma excelente forma de se tornar sócio e lucrar com empresas fortes, resilientes à crise, e baseadas num país com estabilidade política, menor inflação, e economia maior e mais estável do que a Brasileira.
MOTIVO TRÊS: existem ativos e estratégias de investimentos que são lucrativas mesmo durante crises, e fazê-las no sistema americano é muito mais interessante
Para finalizar, o terceiro motivo para você optar por investir no mercado financeiro americano AINDA QUE haja o estouro de uma crise mundial, é que há alguns ativos que se beneficiam desses momentos.
Por exemplo, existem alguns fundos de investimento cuja finalidade é justamente criar uma carteira de proteção para o caso de cenários econômicos adversos. Tê-los em sua carteira é uma excelente maneira de diversificar e diminuir o impacto dos tempos de mercado de baixa em sua carteira. E, infelizmente, no Brasil, não há tantas opções nessa linha e, quando há, são fundos multimercados com a incidência do famoso “imposto come quotas”, que pode prejudicar bastante seus resultados.
Além disso, você também pode se proteger da crise comprando metais preciosos. Não que você não consiga investir em Ouro ou Prata na bolsa paulista. Mas o problema é que, por aqui, a liquidez desses ativos é muito mais baixa do que é lá fora – o que gera um spread maior e pode lhe “deixar preso” em uma posição.
Outro ponto é que o mercado de baixa também oferece oportunidades para os traders. São as famosas operações de venda a descoberto (short), em que você vende um ativo que não possui para recomprá-lo por um preço inferior. Por exemplo, é como se você soubesse que o preço do iphone vai cair e, como você não tem nenhum iphone, você pedisse um emprestado ao seu amigo, vendesse, e, depois que o preço tenha caído para baixo do preço pelo qual você o vendeu, você compre um novo para devolver ao seu amigo.
Para fazer isso, você precisa pegar o ativo “emprestado” (aluguel btc) para lhe dar cobertura. No Brasil, não são todos os ativos que possuem liquidez neste mercado. No mercado americano, esse tipo de operação é bastante tranquilo de ser realizado, pois é muito mais difícil que você não consiga um aluguel BTC para cobrir sua operação de venda a descoberto.
BÔNUS: Esteja preparado!
Investir fora também é uma maneira de mitigar o risco brasil que, diga-se de passagem, tende a subir exponencialmente em um cenário de crise mundial. Pode parecer exagero, mas, se a crise for realmente impactante e os seus investimentos estiverem em terras brasileiras, não há nada que realmente impeça os nossos governantes de congelarem os seus ativos.
Para falar a verdade, não seria a primeira vez. Muitos brasileiros já tiveram as suas contas poupanças congeladas. Quem garante que, em um cenário bastante arisco, o Estado não congele ativos representativos de Ouro que você tenha adquirido na B3? Ou mesmo lhe impeça de comprá-los, ou de comprar dólares, para maquiar a inflação, tal qual está fazendo a Argentina?
Para ser sincero, mesmo que falar isso em momentos otimistas pareça um exagero, não me parece nada impossível de acontecer. Não se engane pela aparente “paz e otimismo” nos últimos semestres, pois o Brasil sempre foi e continua sendo um país historicamente instável e com alta insegurança jurídica.
Conclusão
Por tudo o que foi dito, acredito que tenhamos conseguido esclarecer por que motivos que, mesmo se estivermos na iminência de uma crise, nós ainda mantemos o entendimento de que o mercado financeiro dos Estados Unidos é um excelente local para se investir, muito superior à Bolsa de Valores Paulistas, seja para você que faz value investing, para você que faz hedge, e para você que é trader.
Pingback: Como abrir uma conta bancária nos EUA não sendo um residente? – Capital Global
Pingback: A ESTRATÉGIA SECRETA: como empresas pagam 0% de imposto de forma totalmente legal? – Capital Global
Pingback: A Fórmula da Riqueza: que passos você deve seguir para enriquecer? – Capital Global
Pingback: Como LUCRAR com aluguéis nos EUA sem ter um único imóvel? – Capital Global