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Ray Dalio, ciclos econômicos, e o futuro

Se você pretende ser o próximo BILIONÁRIO, precisa aprender com os MELHORES que já chegaram lá.

Ray Dalio é um investidor bilionário, figurando na 58ª posição do ranking da Bloomberg na lista de pessoas mais ricas do mundo. Ele é o fundador da Bridgewater e tá na linha de frente da gestão do maior Hedge fund do mundo, e tem conseguido, por anos, uma performance de sucesso digna de aplausos.

Toda essa bajulação é para dizer que Ray Dalio entende muito de dinheiro e de investimentos. Mas não fiquemos só na bajulação, que tal aprendermos um pouco com ele?

Sabe qual a especialidade do Ray Dalio? Ciclos econômicos. E ele é um gestor, e não um intelectual. Isso significa que adquiriu esse conhecimento na prática, colocando a “cara a tapa” e “sentindo na pele”, e não apenas por meio dos livros acadêmicos.

O resultado dessa vivência?

Ray Dalio é autor do best seller chamado “Princípios”, um dedicado trabalho com uma das melhores análises sobre crises fiscais que o mundo já viu, na qual ele analisa um padrão que se repete em todas as grandes crises mundiais.

Certamente, a opinião do Ray Dalio importa, e importa bastante. E o que ele tem a dizer sobre o atual estágio da economia não é muito interessante para os mais otimistas.

O QUE PENSA RAY DALIO

Como dito, Ray Dalio enxerga a economia por meio de seus ciclos econômicos. E, na opinião dele, o momento atual da nossa economia é muito semelhante ao que o mundo viveu na década de 30. Mais precisamente, ele entende que, desde 2008, estamos revivendo algo parecido com o mundo presenciou entre o ano de 1929 e o ano de 1937.

E por que Ray Dalio enxerga tantas semelhanças entre os dois períodos? Antes de responder essa pergunta, precisamos contextualizar como estava o mundo entre 1929 e 1937. Se você é um investidor do mercado de ações, você precisa compreender isso.

O que aconteceu no mundo na década de 30?

Como você deve saber, em 1929 a Bolsa de Valores americana vivenciou o maior crash de sua história. Em seguida, a década de 30 foi marcada por uma forte desaceleração da economia americana e mundial.

Basicamente, o que ocorreu na década de 30 foi que o governo dos Estados Unidos começou a intervir fortemente no mercado, a fim de tentar atenuar os impactos do crash de 29 e de segurar a desaceleração da economia.

Uma forma bastante utilizada pelos governos para estimular a economia é diminuir as taxas de juros. Quanto menor o juros, em tese, mais empresas fazem empréstimos, se alavancam, tomam riscos, e aplicam capital na economia.

Baseado nessa ideia, durante a década de 30, o Banco Central americano (FED) reduziu gradualmente as taxas de juros do país, até que esta atingisse 0%.

Após a taxa de juros atingir 0%, o FED não tinha mais como baixá-la (na época não havia a ideia de juros negativos). No entanto, ainda pretendiam estimular a economia pois, do contrário, a desaceleração iria tomar conta dos mercados.

Nesse contexto, após alcançar juros a 0%, o FED recorreu a uma outra maneira de tentar estimular a economia a curto prazo muito praticada pelos governos. Qual seria? imprimir dinheiro para comprar ativos financeiros. A ideia é que, com mais dinheiro rodando, aumenta a demanda por ativos para a mesma quantidade de oferta destes, de modo que o preço dos ativos sobe.

Você já ouviu falar sobre Quantitative Easing? Ou Afrouxamento Monetário? É exatamente isso. Essa foi a ferramenta utilizada pelo FED americano para inflar os preços dos ativos financeiros na década de 30. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência.

E não é que a impressão de dinheiro da década de 30 funcionou? Ao menos em um primeiro momento. A economia, que estava desacelerando, voltou a subir. Em um intervalo de cinco anos, o mercado de ações americano subiu aproximadamente 400%.

O problema é que o outro efeito da impressão de dinheiro é a inflação. Quanto mais moeda no mercado, para a mesma quantidade de bens, menor é o poder de compra dessas moedas.

Assim, o FED passou a entender que o problema não era mais a Bolsa de Valores – essa estava decolando! Agora, era preciso controlar a inflação. O próximo passo, portanto, era aumentar as taxas de juros. Isso porque, quanto maior o juros, maior o interesse das pessoas em comprar títulos públicos, diminuindo a quantidade de dinheiro em circulação (deflação).

Lembrando que os juros estavam em 0%. No entanto, no momento em que eles passaram a aumentar as taxas de juros, o mercado de ações desabou novamente.

No ano 1937, nesse cenário de tentativa de subir os juros, a bolsa americana caiu 60%. Tudo isso em um único ano. Essa foi a queda de 37, que é tão representativa quanto o crash de 29, embora não seja tão famosa.

E o que sucedeu a queda de 1937 foram quase duas décadas de economia desacelerada. Para se ter uma ideia, foi somente no ano de 1954 que a bolsa americana conseguiu alcançar novamente o topo anterior ao crash de 1929. 

Por que Ray Dalio vê tantas semelhanças entre a década de 30 e o período atual?

Bom, eu acho que, se você leu o trecho acima e está a par dos noticiários econômicos, você já matou essa pergunta.

A política adotada pelo FED após a crise de 1929 é exatamente a mesma política adotada após a crise de 2008. Desde a crise do subprime até hoje, os Bancos Centrais estão baixando as taxas de juros progressivamente – em uma clara tentativa de estimular a economia. Alguns países, inclusive, já estão com juros negativos.

Isso sem contar os programas de injeção de liquidez (“imprimir dinheiro e jogar na economia”). Os Estados Unidos realizaram, de 2008 para cá, os programas de Quantative Easing 1, 2, e 3.

Em 2019, quando supostamente iriam voltar a subir juros e diminuir a liquidez, viram que isso seria impossível de se fazer sem gerar uma nova crise e renovaram a política dos Quantative Easings (agora com outro nome). Mais do que isso, o Donald Trump está pressionando o FED para cortar novamente as taxas de juros, pela terceira vez apenas nesse ano.

O QUE RAY DALIO PREVÊ PARA O FUTURO DA ECONOMIA MUNDIAL

Ray Dalio entende que irão se intensificar alguns aspectos que, em realidade, já até se iniciaram. Quais sejam: a inversão nas taxas de juros dos títulos públicos, a subida do preço do ouro, a queda do mercado de capitais.

Inversão da taxa de juros dos títulos públicos

O que é essa inversão?

Bom, a regra é que os Títulos Públicos de longo prazo paguem mais juros do que os de curto prazo. Afinal, costuma-se esperar que a economia estará melhor daqui há 10 anos do que daqui há 1 ano.

No momento em que os Títulos de 1 ano começam a ser mais rentáveis do que os títulos de 10 anos, é porque ocorreu uma inversão na taxa de juros. A ideia de que esta inversão indica uma recessão ocorre porque a curva de juros está diretamente relacionada à expectativa de inflação.

Ou seja, os investidores estão entendendo que os títulos com vencimento mais próximo possuem mais valor do que aqueles com vencimento mais longo, pois entendem que a economia irá contrair.

Esse é um indicador que antecede todas as crises e, na visão de Ray Dalio, é a tendência dos títulos públicos atualmente.

E, diga-se de passagem, Ray Dalio está correto. Em agosto, os títulos do Tesouro americano de 10 anos passaram a negociar abaixo dos juros das Treasuries de dois anos. É a primeira vez que isso ocorre desde 2005 (três anos antes da última crise).

Subida do preço do Ouro

O Segundo efeito que Ray Dalio entende que irá ocorrer é uma corrida ao Ouro, que é o ativo de proteção em tempos de crise. Como consequência, o preço do metal dourado irá subir.

Vale dizer, esse indicador também já está se inciando. O metal está em tendência de alta desde o final do ano passado e, neste ano, em sua máxima, chegou a superar 20% de alta em relação ao dólar – desempenho superior a maior parte das ações de grandes empresas listadas nas bolsas americanas.

Queda das ações das Bolsas de Valores americanas

Por fim, Ray Dalio acredita que o mercado de ações irá falhar e terá um longo período de desaceleração – tal qual ocorreu entre 1937 e 1954. Segundo ele, é possível que o mercado caia, novamente, em um ano, cerca de 60% e que, após isso, leve mais de uma década para se recuperar.

Bom, isso ainda não ocorreu. Porém, é visível que os índices americanos estão com dificuldade para continuar a sua alta que já se estende por anos. Vale dizer, o FED tem injetado cada vez mais liquidez e, de outro lado, o mercado tem reagido cada vez menos. Vai chegar um momento em que injetar liquidez não irá adiantar. Vai chegar um momento em que a inflação será tamanha que terão de subir os juros novamente. E aí não vai ter jeito, a queda vem!

COMO SE PREPARAR

A economia é cíclica e, se você estiver preparado, poderá lucrar muito em períodos de crise. Basicamente, uma estratégia é apostar na queda e fazer operações de short no mercado de ações; outra estratégia seria comprar metais escassos, que tendem a valorizar em cenários de crise; por último, outra estratégia é não fazer nada além de guardar dinheiro e manter-se líquido para comprar após a queda.

Mais ainda, a próxima rise econômica será a primeira desde o nascimento das criptomoedas. Caso elas se comportem como uma espécie de “ouro digital”, como um metal escasso, elas também tendem a se valorizar em anos de crise. Não há evidências históricas nesse sentido, mas o que se sabe é que estes ativos são extremamente voláteis e, se eles forem pra cima, devem subir com muito mais intensidade do que o ouro.

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